Varanasi é não só uma das cidades mais antigas e religiosas do mundo, como também um dos mais incríveis e completos destinos para quem viaja rumo à Índia. Normalmente, por aqui, o dia começa bem cedo, quando surgem os primeiros raios de sol. Aos poucos, os habitantes, envergando trajes coloridos e carregando jarros nas mãos, dirigem-se para as escadarias do Ganges, o rio mais sagrado da Índia. As 98 ghats, como são conhecidas, representam a ligação entre o terrestre e o divino. Acredita-se que o Ganges desaguou diretamente do céu para a Terra.
Ao nascer do lado oposto da cidade, o sol vai gentilmente iluminando as ghats e demais edifícios, assim como o rosto daqueles que vão surgindo das vielas estreitas da parte antiga da cidade. Ao banharem-se ali, os indianos acreditam que as suas almas são purificadas. Homens, mulheres, crianças e idosos de todas as castas chegam não só para tomar banho sagrado, mas também para praticar ioga, fazer oferendas aos deuses hindus e rezar a mother ganga, nome carinhoso dado ao rio.
Estima-se que cerca de 6000 pessoas visitam o Ganges diariamente e a música, composta por centenas de vozes que entoam mantras (uma espécie de reza) em homenagem a Shiva ou a outras divindades, pode ser ouvida bem a uma distância considerável.
Fundada há cerca de 2500 anos, Varanasi é o retrato da Índia em estado bruto, uma cidade onde encontra toda a religiosidade no máximo esplendor, celebrada em cerimónias lindíssimas, e alegrada pela presença de inúmeros saris multicoloridos.
Contudo, prepare-se, pois também encontrará sujidade além do que possa imaginar, além de uma imensa desorganização e diversas situações que ultrapassam o que, entre nós, normalmente classificamos como bizarro.
Escolhida por Shiva, deus da destruição, para ali viver com a mulher, Parvati, logo após o casamento, Varanasi é a cidade do recomeço, a oportunidade de começar algo melhor, pois os hindus acreditam na reencarnação e creem que o seu comportamento em vida determina se nascerão numa casta superior ou inferior na vida seguinte. Essa é a única forma de mobilidade social. Quem nasce numa casta morre no seio da mesma.
Por toda parte se respira o hinduísmo profundo e místico. Milhares de religiosos, aglutinam-se nas ghats, nas margens do rio Ganges, enquanto pelas vielas e ruas estreitas transitam peregrinos, sadhus errantes (homens santos) e sacerdotes hindus (brâmanes), que deixam oferendas aos deuses, num cenário místico dominado pelo intenso aroma dos incensos que emanam dos templos hindus.
Um dos desejos mais íntimos de um hindu tradicional consiste em passar os seus últimos dias de vida num ashram em Varanasi, entoando cânticos, arrependendo-se dos seus pecados e, finalmente, sendo cremado na praça pública desta cidade sagrada, culminando todo o ritual com o atirar das suas cinzas ao Ganges.
Estas escadarias que desembocam no rio são a alma de Varanasi. Cada uma delas tem um significado e muitos dos prédios antigos que as marginam pertenceram a famílias tradicionais indianas. Em algumas, podem ver-se indianos a rezar, enquanto outros praticam ioga; existem também ghats que servem como grandes lavandarias públicas, onde os locais lavam as suas roupas e tomam banho. Para apreciar melhor este modo de vida, madrugue e, ao amanhecer, faça um longo e proveitoso passeio de barco
pelo Ganges.
Todos dias, os indianos de Varanasi fazem uma cerimónia em homenagem ao rio Ganges. Conhecida como ganga aarti, realiza-se pouco depois do p�r-do-sol, por volta da sete horas da noite, na Dasaswamedh Ghat. Esta ghat é uma das maiores de Varanasi e a preferida pelas viúvas. A cidade velha mobiliza-se para o evento, tido como uma das principais atrações da cidade.
Os turistas podem assistir à cerimónia sentados nas escadarias ou num barco. Para os indianos, este é um momento de agradecer e não de fazer pedidos. Durante a cerimónia, que dura quase uma hora, usam fogo, água do rio, flores e danças, assim tecendo um agradecimento ao rio.
As centenas de velinhas das oferendas prestadas concedem ao Ganges uma aura deveres bela e especial.
Ser cremado em Varanasi é o desejo de muitos indianos. Existem algumas ghats destinadas exclusivamente aos funerais. Assim, ao entardecer, é possível ver dezenas de fogueiras que se formam nesses locais, atribuindo-lhes, simultaneamente, uma imagem tão inesquecível quanto mórbida. O preço da cremação varia de acordo com a nobreza da madeira. A cerimónia também é acompanhada por uma vaca. Depois, as cinzas são atiradas ao Ganges. Os funerais não podem ser fotografados, pois tal é considerado uma grande falta de respeito.
As famílias que não têm dinheiro para pagar uma cerimónia de cremação, muitas vezes atiram os corpos dos familiares diretamente para o rio ou para as fogueiras já acesas, mas os corpos acabam não ser queimados integralmente, razão pela qual é possível verem-se objetos a boiar no Ganges que podem ser cadáveres, uma imagem que choca, e muito, os visitantes.
Há que reter que, no Ganges, pode deparar-se com tudo: cadáveres inteiros, cremados, animais mortos, esgotos de origens diversas, crianças a nadar, homens e mulheres a tomarem banho (para purificarem as suas almas), a escovar os dentes com os dedos, a lavar roupa e a beber compulsivamente das suas águas. Sim, a beber, pois acreditam que o rio não é portador de doenças, antes de cura para as mesmas.
Existem mais de 100 ghats em Varanasi. Seguem algumas características das mais famosas.
Dasaswamedh Ghat
Conhecida como a ghat dos dez cavalos sacrificados. Diz-se que tal sacrifício foi feito pelo deus Brahma a fim de preparar o caminho para o regresso de Shiva, depois do seu período de castigo. Apesar de vários anos de maus tratos, a beleza desta ghat e a sua vista do rio permanecem intactas.
Asi Ghat
A que se encontra mais a sul da cidade sagrada, abrangendo a confluência dos rios Ganges e Asi. Os peregrinos consideram o banho nesta ghat mais sagrado do que a adoração ao deus Asisangameshwar, que possui um pequeno templo de mármore ali perto.
Man Mandir Ghat
Edificada pelo Marajá de Jaipur, é conhecida por possuir um observatório equipado com janelas decoradas. Aqui os peregrinos pagam promessas feitas a Someshwar, o deus da Lua.
Manikarnika Ghat
Uma das mais sagradas de Varanasi, simboliza a criação e a destruição. Funciona como uma fábrica, pois os corpos são queimados durante 24 horas por dia, sete dias por semana.
Templo de Kashi Vishwanath
Dedicado ao deus Shiva e popularmente conhecido como o Templo Dourado (em tempos, a cobertura dourada da flecha do templo foi realizada com o recurso a uma tonelada de ouro doada pelo marajá Ranjit Singh). Este templo foi destruído em várias invasões e reconstruído em 1776. Por medidas de segurança, atualmente possui detetores de metais espalhados em toda a sua extensão. O maior evento hindu é o Mahashivratri, o qual, apesar de ser celebrado por todo o país, assume uma atração especial em Varanasi, umas vez que é nesta cidade que acontece a procissão do casamento do deus Shiva, começando no templo Maha-mritunjaya, passando por Daranagar e tendo seu final no templo Kashi Vishwanath.
Centro Velho
Constitui uma atração à parte, com diversas lojas, restaurantes e até escolas de música, que ensinam turistas a tocar instrumentos da cultura indiana, como a cítara.
Templo de Durga
Erguido no século XVIII, ficou conhecido como o Templo dos Macacos, já que estes animais são uma presença constante no local. Os visitantes não hindus podem entrar no pátio do templo, mas estão proibidos de ver o interior do santuário.
Bharat Mata
É o único templo dedicado à Mãe Índia, uma representação da unidade da nação. Foi inaugurado por Mahatma Gandhi, em 1936, e, ao contrário das várias imagens de deuses e deusas, o local abriga um mapa em alto-relevo do país, esculpido em mármore.
Passeio de barco pelo Ganges
É uma boa forma de ver as ghats a partir de um ângulo diferente, enquanto estabelece um contacto mais próximo com o rio sagrado da Índia.
Observatório Man Mandir
Próximo ao Dashashwamedh Ghat, faz parte do complexo do palácio Man Mahal, oferece belas vistas do Ganges e das suas ghats.
Meer Ghat
Aqui encontra um templo nepalês repleto de esculturas eróticas.
Mercado de Varanasi
Marcado pela confusão típica dos centros de atividade das cidades indianas, numa simbiose entre um delicioso encanto e o mais puro caos. Lassis, chamuças, deliciosos sumos de fruta, bancadas de verduras, vendedoras de flores e de artesanato formam um quadro cromático que não mais esquecerá.
Clarks Varanasi
Radisson Varanasi
Ramada Plaza Varanasi
Best Western Kashika Varanasi
Hindustan International Varanasi
Hotel India Varanasi
Pallavi International Varanasi
Hotel Pradeep Varanasi
Taj Ganges Varanasi
Sheenu Restaurant
Filocafe
Open Hand Shop & Cafe
Sri Annapurna
Brown Bread Bakery Varanasi
Ganga Fuji Restaurant
Vaatika Cafe
Phulwari Restaurant and Sami Cafe
New Keshari Ruchikar Byanjan
Om Cafen
Lotus Lounge
Dolphin Restaurant
É esperado que se dê gorjeta depois de qualquer serviço prestado, principalmente em hotéis e restaurantes.
Recomenda-se a vacinação contra febre amarela e tifóide, cólera, poliomielite e malária. Deve ainda ter cuidado com o consumo de saladas, fruta, beber apenas água engarrafada e leite fervido e ingerir alimentos como carne e peixe bem cozinhados.
Moeda
Rupia indiana
Idioma
O país tem 25 idiomas diferentes, sendo o hindu e o inglês os mais falados.
Documentos
Passaporte com, no mínimo, seis meses de validade e visto para a Índia.
Fuso horário
+ 05h30
Voltagem
220 volts. As fichas são geralmente de dois pinos, colocados em ângulo um com o outro.
De março a novembro, os termómetros chegam aos 30� C (ou mais). Entre junho e setembro, decorre a época das monções. Os invernos podem ser muito frios.